terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Carnaval na Ilha da Magia

Um pedacinho de terra perdido no mar! Num pedacinho de terra, beleza sem par; jamais a natureza reuniu tanta beleza, jamais algum poeta teve tanto para cantar'. A ilha a que se refere o poeta e músico Cláudio Alvim Barbosa, o Zininho, é a cidade de Florianópolis, chamada carinhosamente de Floripa por moradores e visitantes. 

'Rancho de Amor à Ilha', hino oficial da cidade, também conhecida como 'Ilha da Magia', detalha em seus versos muitas das belezas da Ilha - como a tradicional figueira, árvore robusta que acolhe os moradores na Praça XV; a Lagoa da Conceição, ponto turístico onde se podem comer maravilhosos frutos do mar e aproveitar a vida noturna, com músicas para todos os gostos. No entanto, para além de todas as belezas de suas praias, de seu povo, de ser a maior produtora de ostras do país, o que poucos sabem é que Florianópolis também é a Ilha do carnaval.

Próxima ao mar, localizada no centro da cidade, a Passarela do Samba Nego Quirido, com 630 metros de extensão, é o local onde as cinco escolas de samba desfilam, cada uma, com uma média de três mil componentes; elas são avaliadas por uma comissão julgadora nos seguintes quesitos, em ordem de desempate: bateria, samba-enredo, fantasia, harmonia, alegoria e adereços, enredo, comissão de frente, evolução, mestre-sala e porta-bandeira.
O desfile, que por muitos anos foi realizado no domingo, retornou ao sábado de carnaval depois de um acordo com a RBS TV, retransmissora da Rede Globo. Com isso, a transmissão é ao vivo para o estado de Santa Catarina - missão esta também realizada pela TVBV por muitos anos, retransmissora da TVBAND.
A paixão dos moradores pelo carnaval e pelo samba não é de hoje: a escola mais antiga de Florianópolis, a Protegidos da Princesa, completou 61 anos em 2009. O carnaval da Ilha também é realizado pela Embaixada Copa Lord, Unidos da Coloninha, Consulado e União da Ilha da Magia. Cada uma com suas características, seu estilo, elas vêm buscando aprimoramento dos seus trabalhos, para mostrar na avenida um grande desfile - mas isso, é claro, dentro da realidade de um carnaval ainda dependente quase totalmente da verba dos governos do Município e do Estado.
Algumas escolas não possuem uma sede grande para realizar shows e eventos e todas precisam alugar galpões para a construção de seus carros alegóricos. Enfim, as escolas de samba de Florianópolis enfrentam dificuldades. Mas isso não lhes tira o brilho, o empenho, a beleza do espetáculo. A cada ano Florianópolis mostra um desfile melhor, de encher os olhos não apenas dos turistas, mas também daqueles que veem o seu desenvolvimento e acreditam que um dia o sonho da Cidade do Samba e de um belo Museu do Carnaval sairá do papel.

Radicada em Florianópolis, Marja Nunes é jornalista e pesquisadora de carnaval. É membro da Comissão Permanente de Organização do Carnaval de Florianópolis.