quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Cursos - Voz no Samba – noções para intérpretes de samba-enredo no Carnaval do Rio de Janeiro - NÍVEL AVANÇADO

MÓDULO AVANÇADO

Voz no Samba – noções para intérpretes de samba-enredo  no Carnaval do Rio de Janeiro  - NÍVEL AVANÇADO

AULAS  PRÁTICAS - COM ORIENTADORA VOCAL (FONOAUDIÓLOGA), MÚSICO e  percussionistas.

Pré- Requisito: Realização do curso básico “Voz no Samba” ou apresentar domínio das técnicas para voz cantada.
Este curso propõe complementar e enriquecer a visão sobre a globalização do carnaval em sua qualificação como produto.
Objetivo: Aprimorar o processo interpretativo. Promover ajustes vocais- corporais , adequando, qualificando e aperfeiçoando a imagem vocal e marketing pessoal do cantor de samba-enredo para apresentação no carnaval.
Praticar a nível avançado percepção auditiva, auto-avaliação vocal, associações da fisiologia da voz, utilizando exercícios práticos de vocalises; Propiciar ajustes de articulação, modulação, projeção e sustentação do som; Reforçar aspectos de saúde vocal; Polir vícios vocais e estimular o feedback auditivo como incremento da musicalidade na performance do cantor (puxador, intérprete de samba-enredo).
Trabalhar a imagem vocal do cantor de samba-enredo para apresentação no carnaval.

Professores: Isabel de Godoys Monteiro Gomes - Fonoaudióloga  com 15 anos de experiência; Especialização em Fonoaudiologia Clínica;  Especialista em Voz CEV/ Pesquisadora ; Profa. Universitária UVA, NP-GF; Atuando com estes profissionais da voz há oito anos. Responsável pelo Projeto “Saúde Vocal e Qualidade de vida para intérpretes de samba-enredo no carnaval do Rio de Janeiro”. Preparadora  e/ou Consultora Vocal junto as escolas de samba do Grupo Especial e Acesso, como: Salgueiro, Mocidade, Estácio de Sá e intérpretes de várias escolas do Estado do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul (Uruguaiana). Realizou curso de extensão em 2007 na UNESA/INSTITUTO DO CARNAVAL – Voz no Samba: noções básicas para intérpretes de samba-enredo no Carnaval no Rio de Janeiro. Fonoaudióloga do GRES. Acadêmicos do Salgueiro. Pesquisadora.
Edson Avelino de Souza - Músico Formação Villa Lobos há 10 anos / Harmonia e Improvisação Curso Siga  - 9 anos
Técnico em Gravação; Experiência Musical vasta junto às personalidades como Almir Guineto, Marquinhos Satã,Grupo Só Malícia e experiência em gravações  musicais. Harmonia de várias escolas de samba, dentre elas: GRES. Acadêmicos do Salgueiro e GRES. Mocidade Independente de Padre Miguel.                                  

Carga horária (Dia, horário, duração, carga horária total):
Carga horária: Ch Total (h/a):  24 hs/aulaCh Teórica (h/a): 07 hs/aula   Ch Prática (h/a): 18hs/aula
HORÁRIO: Início:   20, 27 de novembro, 4,11,18 de dezembro de 2010 (13:00 às 18 horas).
ou  8,15,22,29 de janeiro e 5 de  fevereiro de 2011( 8:00 às 13:00 horas)

Local do Curso: Espaço Musical Robertinho Silva – Travessa Euricles de Matos 36 – Laranjeiras -RJ

Investimento: R$300,00  – QUEM FEZ O CURSO ANTERIOR, NA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ, TEM DESCONTO DE 20%.
Turmas (mínimo e máximo de alunos): mínimo de 10 e máximo de 20 alunos.
Público-alvo: Destina-se a amadores e / ou profissionais envolvidos com escolas de samba (na área de samba-enredo).
Inscrição:  Fazer um depósito identificado na conta do Banco Bradesco nº 0452609-0, Ag. 0436-7. Depois, mandar um email para contato@institutodocarnaval.com confirmando o depósito.
Conteúdo:

PROGRAMA:  
          
UNIDADE I
1.0 TÉCNICAS VOCAIS – Variável de intérprete para intérprete.
1.1 Flexibilidade dos órgãos fono-articulatórios, fono-respiratórios : articulação, projeção, resistência vocal.
1.2 Aquecimento e desaquecimento vocal
1.3 Dinâmicas de Apresentação: ( vestuário, utilização de microfone, espaço cênico, dinâmicas comunicativa ( expressão verbal, gestual, mímicas faciais).

UNIDADE II
2.0  VOZ E CANTO – Estilos  vocais e incorporação vocal no Marketing pessoal - Marca da Escola de Samba
2.1 Ajustes Vocais  e  Musicais no Samba-Enredo – Ritmo, melodia e aderência do intérprete na apresentação do samba-enredo.
2.2 Intérpretes de samba-enredo  - CARACTERÍSTICAS E ESTILO  MUSICAL

UNIDADE III
3.0  QUESITO MUSICAL – AVANÇADO  -  Escalas musicais  e interpretações vocais.
3.1   Musicalidade – MELODIA E TIPO VOCAL  –  AJUSTE DO TOM -  características importantes na escolha do repertório nas apresentações do Intérprete fora samba-oficial.
3.2 Harmonia ( Percussão, Cordas ) –  Conselhos importantes que valorizam a apresentação.
3.3  Voz – Dinâmica comunicativa no entremeio da apresentação oficial, Uso dos cacos – quando usar, como usar, efeito positivo e negativo nestes casos.

UNIDADE IV
4.0  A  VOZ DO INTÉRPRETE AVANÇADO  -  Mercado de Trabalho (  componentes mantenedores )
4.1  Cuidados específicos para a voz – o que não fazer; tendência e medida  de qualidade na apresentação oficial.
4.2  Letras – Memória musical do intérprete de samba-enredo.

CERTIFICADOS PARA OS ALUNOS QUE OBTEREM PRESENÇA EM 75% DAS AULAS MINISTRADAS.

Bibliografia básica:
BEHLAU,Mara. Higiene Vocal. São Paulo. Revinter.2001
BEHLAU,Mara. Voz: O livro do Especialista 2005
BAÊ, Tuti & MARSOLA, Mônica. Canto, uma expressão -  Princípios básicos de técnica vocal. São Paulo. Irmãos Vitale, 2000.
MORATO, Edwiges Maria (org.) Voz profissional: o profissional da voz. São Paulo: Pró-Fono, 1995.
BEUTTNMULER, Glorinha, Laport, Nelly. Expressão vocal e expressão corporal. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
KYRILLOS, Leny R. Expressividade – Da Teoria à Pratica . Rio de Janeiro , Revinter, 2005.
ARAÚJO, Hiran.  Carnaval  - Seis Milênios de História . Rio de Janeiro, Gryphus 2003
SANDRONI, Carlos. 2001. Feitiçaria decente: transformações do samba no Rio de Janeiro, 1917-1933.   Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar: Ed. UFRJ, 2001

Bibliografia Avançada:
MUSSA, Alberto &Simas, Antônio. Samba-enredo: Historia e Arte. Civilização Brasileira – 2010
ARAÚJO Ari & FRANCISCA, Erika. Escolas de Samba-enredo no Rio – Um estudo Antropofágico – Edit. Vozes – 1978.
BERNARD, C.  O bê-á, bá das Escolas de Samba – Diálogo, Cultura e Comunicação -2001
AUGRAS, Monique. O Brasil do Samba-enredo. Edit. Fundação Getulio Vargas – 2001
SODRÉ, Muniz Samba, o dono do corpo –  Edit.Mauad - 2001

Curso - Voz no Samba: noções básicas para intérpretes de samba-enredo – Carnaval do Rio de Janeiro.

MÓDULO BÁSICO

Voz no Samba: noções básicas para intérpretes de samba-enredo – Carnaval do Rio de Janeiro.

Objetivo: Dar noções do processo interpretativo, assim como, preparar, qualificar e desenvolver a imagem vocal e marketing pessoal do cantor de samba-enredo para apresentação no carnaval.

Professores: Isabel de Godoys Monteiro Gomes  -  Fonoaudióloga com 15 anos de experiência; Especialização em Fonoaudiologia Clínica;  Especialista em Voz CEV/ Pesquisadora ; Profa. Universitária UVA, NP-GF; Atuando com estes profissionais da voz há oito anos. Responsável pelo Projeto “Saúde Vocal e Qualidade de vida para intérpretes de samba- enredo no carnaval do Rio de Janeiro”. Preparadora  e/ou Consultora Vocal junto as escolas de samba do Grupo Especial e Acesso, como: Salgueiro, Mocidade, Estácio de Sá e intérpretes de várias escolas do Estado do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo , Rio Grande do Sul  (Uruguaiana). Realizou curso de extensão em 2007 na UNESA/INSTITUTO DO CARNAVAL – Voz no Samba: noções básicas para intérpretes de samba-enredo no Carnaval do Rio de Janeiro. Fonoaudióloga do GRES. Acadêmicos do Salgueiro. Pesquisadora.
Edson Avelino de Souza - Músico Formação Villa Lobos há 10 anos / Harmonia e Improvisação Curso Siga  - 9 anos. Técnico em Gravação; Experiência Musical vasta junto às personalidades como Almir Guineto, Marquinhos Satã, Grupo Só Malícia e experiência em gravações  musicais. Harmonia de várias escolas de samba, dentre elas: GRES. Acadêmicos do Salgueiro e GRES. Mocidade Independente de Padre Miguel.                                   

 
Carga horária: Ch Total (h/a):  16 hs/aulaCh Teórica (h/a): 10 hs/aula Ch Prática (h/a): 06 hs/aula
Início:  20,26 novembro e 04 e 11 de dezembro 2010
Horário: 8:00 às 12:00 horas
Local do Curso: Espaço Musical Robertinho Silva – Travessa Euricles de Matos 36 – Laranjeiras -RJ
Investimento:  R$230,00

 
Turmas: mínimo de 10 alunos e máximo 15 alunos.

Público-alvo: Destina-se a amadores e / ou profissionais envolvidos com escolas de samba ( na área de samba-enredo).
Inscrição: Inscrição:  Fazer um depósito identificado na conta do Banco Bradesco nº 0452609-0, Ag. 0436-7. Depois, mandar um email para contato@institutodocarnaval.com confirmando o depósito.

PROGRAMA:

UNIDADE I
1.0 ESCOLA DE SAMBA NO RIO DE JANEIRO
1.1 Organograma de uma escola de samba
1.2 Manual do Julgador
1.3 História do samba-enredo

UNIDADE II
2.0 COMPOSITORES X INTÉRPRETES
2.1 História das composições e sua relação com o intérprete e a escola
2.2 Intérpretes de samba-enredo ( características)

UNIDADE III
3.0  QUESITO MUSICAL - básico
3.1 Introdução a musicalidade
3.2 Harmonia ( Percussão, Cordas )
3.3 Voz

UNIDADE IV
4.0  A  VOZ DO INTÉRPRETE:
4.1 Classificação Vocal -  Básico
4.2 Instrumentos de ligação com a escola – Relação de voz e imagem vocal
4.3  Expressão Corporal – “O CORPO FALA”
4.4 Cuidados específicos para a voz
4.5 Treinamento Vocal -  Noções de AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL

COMPÕEM O CURSO AULAS EXPOSITIVAS E AULAS PRÁTICAS.
CERTIFICADOS PARA OS ALUNOS QUE OBTEREM PRESENÇA EM 75% DAS AULAS MINISTRADAS 
Bibliografia básica:
BEHLAU, Mara. Higiene Vocal. São Paulo. Revinter, 2001.
BEHLAU, Mara. Voz: O livro do Especialista, 2005.
BAÊ, Tuti & MARSOLA, Mônica. Canto, uma expressão -  Princípios básicos de técnica vocal. São Paulo. Irmãos Vitale, 2000.
MORATO, Edwiges Maria (org.) Voz profissional: o profissional da voz. São Paulo: Pró-Fono, 1995.
BEUTTNMULER, G e Laport, Nelly. Expressão vocal e expressão corporal. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992. 
KYRILLOS, Leny R. Expressividade – Da Teoria à Pratica . Rio de Janeiro , Revinter, 2005.
ARAÚJO, Hiran.  Carnaval  - Seis Milênios de História . Rio de Janeiro, Gryphus 2003.
SANDRONI, Carlos. 2001. Feitiçaria decente: transformações do samba no Rio de Janeiro, 1917-1933.   Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar: Ed. UFRJ, 2001.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Carnaval na Ilha da Magia

Um pedacinho de terra perdido no mar! Num pedacinho de terra, beleza sem par; jamais a natureza reuniu tanta beleza, jamais algum poeta teve tanto para cantar'. A ilha a que se refere o poeta e músico Cláudio Alvim Barbosa, o Zininho, é a cidade de Florianópolis, chamada carinhosamente de Floripa por moradores e visitantes. 

'Rancho de Amor à Ilha', hino oficial da cidade, também conhecida como 'Ilha da Magia', detalha em seus versos muitas das belezas da Ilha - como a tradicional figueira, árvore robusta que acolhe os moradores na Praça XV; a Lagoa da Conceição, ponto turístico onde se podem comer maravilhosos frutos do mar e aproveitar a vida noturna, com músicas para todos os gostos. No entanto, para além de todas as belezas de suas praias, de seu povo, de ser a maior produtora de ostras do país, o que poucos sabem é que Florianópolis também é a Ilha do carnaval.

Próxima ao mar, localizada no centro da cidade, a Passarela do Samba Nego Quirido, com 630 metros de extensão, é o local onde as cinco escolas de samba desfilam, cada uma, com uma média de três mil componentes; elas são avaliadas por uma comissão julgadora nos seguintes quesitos, em ordem de desempate: bateria, samba-enredo, fantasia, harmonia, alegoria e adereços, enredo, comissão de frente, evolução, mestre-sala e porta-bandeira.
O desfile, que por muitos anos foi realizado no domingo, retornou ao sábado de carnaval depois de um acordo com a RBS TV, retransmissora da Rede Globo. Com isso, a transmissão é ao vivo para o estado de Santa Catarina - missão esta também realizada pela TVBV por muitos anos, retransmissora da TVBAND.
A paixão dos moradores pelo carnaval e pelo samba não é de hoje: a escola mais antiga de Florianópolis, a Protegidos da Princesa, completou 61 anos em 2009. O carnaval da Ilha também é realizado pela Embaixada Copa Lord, Unidos da Coloninha, Consulado e União da Ilha da Magia. Cada uma com suas características, seu estilo, elas vêm buscando aprimoramento dos seus trabalhos, para mostrar na avenida um grande desfile - mas isso, é claro, dentro da realidade de um carnaval ainda dependente quase totalmente da verba dos governos do Município e do Estado.
Algumas escolas não possuem uma sede grande para realizar shows e eventos e todas precisam alugar galpões para a construção de seus carros alegóricos. Enfim, as escolas de samba de Florianópolis enfrentam dificuldades. Mas isso não lhes tira o brilho, o empenho, a beleza do espetáculo. A cada ano Florianópolis mostra um desfile melhor, de encher os olhos não apenas dos turistas, mas também daqueles que veem o seu desenvolvimento e acreditam que um dia o sonho da Cidade do Samba e de um belo Museu do Carnaval sairá do papel.

Radicada em Florianópolis, Marja Nunes é jornalista e pesquisadora de carnaval. É membro da Comissão Permanente de Organização do Carnaval de Florianópolis.  

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A importância

Carnaval e educação: a importância do Instituto do Carnaval  

Por Bruno Filippo - Coordenador Geral do Instituto do Carnaval

Estudiosos do carnaval costumam aventar hipóteses para o surgimento da expressão “escola de samba”. Nisso há controvérsia, sobretudo porque, nas décadas de 20 e 30, época do surgimento do samba e das escolas, o registro daquele momento histórico era precário. Restringia-se às reportagens publicadas pela imprensa escrita - que, fragmentárias, dificilmente conseguiam captar a transformação por que estava passando o carnaval carioca - e às poucas atas escritas pelos componentes mais zelosos, muitas das quais se perderam com o tempo. Daí a importância da história oral, dos depoimentos dos velhos sambistas, para a preservação da memória do samba.

A entrevista de Ismael Silva a Sérgio Cabral em 1974, reproduzida nos dois livros que o jornalista e escritor dedicou ao assunto (“As escolas de samba – o quê, quem, quando, onde, como e por quê” e  “As escolas de samba do Rio de Janeiro”), é um registro que ficará para a posteridade. Cabral, perguntou-lhe quem sugeriu o nome escola de samba. Ao que Ismael respondeu: “Fui eu”. É capaz de você encontrar quem diga o contrário. Mas fui eu, por causa da escola normal que havia no Estácio. A gente falava assim: “É daqui que saem os professores.” Havia aquela disputa com Mangueira, Osvaldo Cruz, Salgueiro, cada um querendo ser melhor. E o pessoal  do Estácio dizia: “Deixa Falar, é daqui que saem os professores.’ Daí é que veio a idéia de dar o nome de escola de samba.”

A versão de Ismael, talvez, seja a mais conhecida, porém não é a única. O radialista, compositor e cronista Almirante afirmava que a expressão surgira da frase “Escola, sentido!”, entoada no tiro-de-guerra e popularizada após a Primeira Guerra Mundial. É fato que, antes da primeira escola de samba, o rancho Ameno Resedá, o mais importante da história do carnaval carioca, era conhecido como rancho-escola.    

Uma outra versão não contraria totalmente o depoimento de Ismael, apenas lhe acrescenta um detalhe curioso – o de que os jovens compositores do Estácio, que estavam revolucionando a música brasileira ao tornar o samba mais dolente e com notas mais longas, consideravam-se professores, mestres do novo estilo. Por isso, resolveram batizar a “Deixa Falar”, em 1928, como escola de samba. A escola do samba que eles produziam.      

O problema da história oral é simples: por melhor que seja a memória do depoente, sempre estará sujeita a lapsos. Mas, seja qual for a versão correta – não é absurdo imaginar que todas sejam verdadeiras -, a de Ismael, que associa a expressão à presença da escola normal do bairro, é mais interessante para o assunto relativo ao Instituto do Carnaval. Porque, simbolicamente, revela a proximidade do samba e do carnaval com a educação, ainda que, a princípio, fosse um estratagema dos sambistas para minorar o preconceito racial e social de que eram vítimas, tornando-os mais “palatáveis” ante a opinião pública.  A palavra escola teria o poder de conferir respeitabilidade às agremiações. (Antítese do que escreveria, poucos anos depois, o gênio Noel Rosa, em Feitio de Oração: “Batuque é um privilégio/Ninguém aprende samba no colégio”). A proximidade persiste, e não é uma questão apenas de nomenclatura.                

Talvez pareça difícil aos neófitos vislumbrar a função educativa das escolas de samba, por estarem associadas, no imaginário coletivo, à bagunça, à festa, à bebedeira, à carnavalização; mas, em quase oito décadas de existência, seus enredos, as letras de seus sambas, suas fantasias e suas alegorias exaltaram fatos e personagens importantes, massificaram histórias oficiais e subversivas, e tiraram do limbo figuras importantes e desconhecidas da maioria do povo brasileiro. A educação está presente, também, nas agremiações que realizam trabalhos sociais em suas quadras, oferecendo cursos, serviços médicos, esportes e creche.

Pode-se ver a relação entre educação e escola de samba não só pelo potencial do carnaval para levar conhecimento e fortalecer a cidadania – mas pelo interesse das instituições tradicionais do saber em  compreendê-la, em analisá-la, em reconhecer sua importância, em contribuir com sua melhoria, estabelecendo, assim, uma relação recíproca.

A intelectualidade brasileira ainda não reconheceu no samba e no carnaval a importância que ambos têm para a nossa identidade. Considera-os menor, um assunto pouco sério, desimportante quando se trata de tentar compreender o Brasil. Esse desprezo - resquício da influência marxista, em que a análise dos assuntos políticos e econômicos é predominante - é pitoresco, já que somos o país do samba e do carnaval (e do futebol, também, pouco valorizado pelos intelectuais). Trata-se de um estereótipo reducionista, sem dúvida, uma construção histórica e ideológica, mas isso é parte do problema, porque, de fato, o carnaval e o samba, assim como o futebol, são manifestações em que muitos dos nossos dilemas estão retratados.

Nos anos 70, três cientistas sociais, investigando, à luz das teses antropológicas e sociológicas, o carnaval e as escolas de samba, escreveram obras pioneiras, referências em quase todos os trabalhos posteriores: O Palácio do Samba, de Maria Júlia Goldwasser (1975); Escola de samba, ritual e sociedade, de José Sávio Leopoldi (1978); e, ambas de Roberto DaMatta, O carnaval como rito de passagem (1973) e Carnavais, malandros e heróis (1979). Este último livro é um dos grandes clássicos das ciências humanas brasileiras. Atualmente, as universidades e os centros de pesquisa, mostram-se mais interessados no assunto. O número de livros, monografias e teses acadêmicas aumentou de maneira considerável. Algumas universidades criaram núcleos específicos de estudo do carnaval. Até economistas têm destrinchado a importância da festa para a economia do país.

Em outubro de 2005, um novo capítulo dessa relação foi escrito, com o surgimento do Instituto do Carnaval. Realização da idéia que o médico e historiador Hiram Araújo acalentava há trinta anos, o Instituto oferece, entre outras atividades, o primeiro curso superior de carnaval do mundo, e vem ao encontro da tendência irreversível de profissionalização da festa.

O Instituto do Carnaval, tal qual a Deixa Falar, carrega um enorme simbolismo, tão grande que somente aos poucos está sendo percebido. Quando uma universidade cria um curso, qualquer curso, não está apenas lhe reconhecendo o papel relevante na sociedade - está institucionalizando-o, pondo-o no patamar de um saber, de uma ciência. É nesse patamar que hoje está o carnaval, setenta e sete anos depois da criação da primeira escola de samba.

Nossa História.

A história do Estudo do Carnaval na Universidade: O sonho que virou realidade!

Hiram Araújo - Diretor do Instituto do Carnaval

“De minhas oito décadas de vida, dediquei quase cinco ao estudo do carnaval. Mas foi somente há pouco mais de cinco anos, em outubro de 2005, que me senti plenamente realizado profissional e pessoalmente – e o Instituto do Carnaval foi quem me proporcionou esse momento de consagração, ao criar o primeiro curso superior de carnaval do Brasil, um sonho que acalentava e pelo qual lutava havia trinta anos.

Nos livros e em artigos que tenho escrito ao longo de minha carreira como pesquisador, enfatizo que a universidade sempre foi preconceituosa com o estudo do carnaval, por isso não formamos uma teoria capaz de interpretar corretamente o carnaval carioca. Em conseqüência, perdemos 22 preciosos anos na libertação econômica do carnaval carioca.

O sambódromo deveria ter sido construído em 1963 e não em 1984, tempo esse da maior descapitalização da festa pela indústria do monta e desmonta (construção das arquibancadas tubulares móveis).

Uma vez o antropólogo Gilberto Velho disse: “estou absolutamente convencido que a universidade tem papel fundamental na vida social. Não é uma coisa anacrônica, é um espaço, em princípio mais isento, mais crítico que pode fazer uma reflexão mais independente. Esta reflexão é o grande patrimônio da universidade. A universidade é fundamental para a idéia de uma sociedade moderna. Ela é o espaço onde as idéias podem circular com um pouco mais de distanciamento em relação a interesses imediatos”.

A ausência do estudo do carnaval na universidade e o não engajamento de nossos intelectuais na direção da empresa carnaval, instalada na cidade do Rio de Janeiro a partir de 1933, quando o Poder Público, tornou-se empresário da festa, levou nossa INTELLIGENTSIA a uma visão equivocada da nova realidade do carnaval carioca, em processo de evolução na Cidade do Rio de Janeiro.
O emprego da verba pública para salvar o moribundo carnaval, que havia perdido suas bases de sustentações econômicas espontâneas das comunidades do centro que foram expulsas para as periferias da cidade (os ricos foram para a zona sul e os pobres para os morros e subúrbios) pela reforma Pereira Passos no início do século XX, condicionou um novo estilo de carnaval, modelo de indústria cultural que exigiu a criação de uma empresa para movimentar o novo mercado do carnaval carioca.

Ao assumir o ‘status’ de empresário, o Poder Público o fez amadoramente, não tirando do mercado as bases econômicas de sua sustentação. Paralelamente, o surgimento de uma indústria subsidiária, começou a viver parasitariamente do mercado do carnaval.

À medida que o carnaval carioca, modelo Indústria Cultural, mais progredia, o empresário Poder Público mais empobrecia e a indústria subsidiária predatória mais enriquecia.

Enquanto na Alemanha Johann Wolgang von Goethe, escritor, poeta e conselheiro econômico e político da Weimar, autor, entre outras obras, do Fausto, foi o organizador oficial dos Folguedos e Mascaradas da Corte, entre nós, nenhum intelectual esteve à frente da empresa carnaval carioca.

Sem a vivência da prática, que Maffesoli chama de “respiração social”, nossa INTELLIGENTSIA passou a interpretar o carnaval com olhar saudosista, dizendo que o carnaval é uma festa popular que não deve gerar lucros. Essa alienação da realidade justificou a conduta amadora na condução da Empresa-Carnaval carioca que tanto atraso trouxe.

Segundo estudos conduzidos pelo economista Luiz Carlos Prestes Filho no livro “A cadeia produtiva do carnaval carioca”, o carnaval do Rio de Janeiro movimenta cerca de R$700 milhões de reais por ano em nossa cidade, e gera milhares de empregos diretos e indiretos. “

Por isso, o Instituto do Carnaval, quando passou a oferecer o primeiro curso superior de carnaval do Brasil, e com isso elevando a formação de profissionais para o seu processo produtivo, não somente cumpriu seu papel institucional de formadora de conhecimento, mas se pôs na vanguarda do progresso cultural e econômico.

Cursos - Cobertura Jornalística do carnaval

COBERTURA JORNALÍSTICA DO CARNAVAL - INSTITUTO DO CARNAVAL E FACULDADES INTERADAS HÉLIO ALONSO (FACHA)


OBJETIVO:
Capacitar jornalistas, estudantes de jornalismo e interessados no assunto para trabalhar em coberturas de carnaval.


PROFESSORES:

BRUNO FILIPPO: Coordenador geral e professor do Instituto do Carnaval, pioneiro no ensino superior de carnaval e gestão do carnaval. Jornalista formado pela FACHA e sociólogo pela UFRJ, mantém uma coluna de ensaios sobre carnaval, samba e música popular no site do jornal “O Dia”.

VICENTE DATTOLI: Jornalista, pesquisador, professor do Instituto do Carnaval, assessor de imprensa da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Participou de cobertura de carnaval pelos jornais “Última Hora”, “Jornal do Brasil” e “O Dia” e pela “TV Globo”.


CARGA HORÁRIA:
32h (6 aulas + trabalhos + visitas técnicas)
HORÁRIO:
9:00 às 13:00h
DIA DA SEMANA:
6 SÁBADOS

INÍCIO:
2º semestre - a confirmar

LOCAL DO CURSO:
Rua Muniz Barreto 51 – Botafogo – Campus I da FACHA

INVESTIMENTO:

R$ 300,00 ou 2 x R$ 150,00 ou R$ 240,00 ou 2 x R$ 120,00 (alunos FACHA)

TURMAS:
Publicar postagem
MÁXIMO: 35  MÍNIMO: 15
PÚBLICO ALVO:
Profissionais de diversas áreas que tenham interesse na linguagem audiovisual com cunho documental.

INSCRIÇÃO
www.facha.edu.br

CONTEÚDO BÁSICO:

UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS BÁSICOS
Estética do Carnaval
Linguagem carnavalesca
Evolução
Expansão
A maior festa do planeta
A importância do carnaval do Rio em outras cidades

Os quesitos
Os critérios de julgamento
A subjetividade de julgamento
As comissões de obrigatoriedade

UNIDADE 2 – JORNAL, RÁDIO, TV, INTERNET, ASSESSORIA

Os cronistas carnavalescos
Pré-Carnaval
O desfile
O fenômeno dos blocos
Programas e apresentadores
TV: Exclusividade, pool ou livre competição?
A importância da comunicação
Do divulgador ao assessor
Atividade sazonal ou trabalho para o ano inteiro?
Atividades práticas

Nossas Atividades.

Curso Superior de Carnaval - Parceria com instituições de ensino superior para implantação e manutenção de curso superior de carnaval.

Palestras e Seminários - Profissionais gabaritados discorrem sobre temas relacionados ao carnaval e à cultura brasileira.

Consultoria e Assessoria  - Gestão de eventos e festas carnavalescas para empresas dos setores públicos e privados

Consultoria e Assessoria Jurídica relacionadas ao Carnaval - Suporte jurídico na contratação e legalização para participação no evento.

Formação de Jurados - Capacitação de profissionais para atuar como julgadores de escolas de samba e blocos.

Oficinas de artes carnavalescas - Aulas práticas de técnicas utilizadas em confecções de alegoria, fantasia e adereço de carnaval.

Oficinas de percussão - Formação de percussionistas para bateria de escola de samba, blocos e demais atividades carnavalescas.

Direção de Carnaval - Formação de diretores de carnaval para as escolas de samba.

Pesquisa e Desenvolvimento de Enredo - Confecção de sinopse embasada em sólida pesquisa de enredo.